Questão número 185017

Assinale a opção em que foram plenamente atendidas as regras de emprego de sinais de pontuação nos trechos adaptados da obra Humor, língua e discurso, de Sírio Possenti.

  • A. Há um traço discursivo marcante de nosso tempo, que merece investigação mais detalhada. Diria que se trata de um processo de eufemização. Suponho que esteja relacionado de alguma forma, ao ambiente cultural relativista, que desconfia de qualquer realismo, seja epistemológico (quem pode garantir a mais mísera verdade sobre o mundo, se é que ele existe?), seja ético (quem sabe o que é certo ou errado?).
  • B. O exagero dessa posição consiste em sustentar que a própria realidade não existe. Tudo seria efeito de discurso. Gente bastante sem compromisso ri à socapa, em bares e em salas de aula, ou em artigos eruditos das posições antiquadas dos realistas. É que em geral, esses “modernos” são também apolíticos, o que sempre significa que fazem a política conservadora dominante.
  • C. O fenômeno tem várias facetas: das que se tornaram mais ou menos sólidas, a mais antiga talvez seja a luta (ou a moda da luta) pela linguagem politicamente correta. Para falar de coisas e de pessoas, não se pode mais usar os termos tradicionais. Em seu lugar, entram os substitutos “limpos”: em vez de negro, afrodescendente; em vez de prostitutas, prestadoras de serviços sexuais; velhos não são mais velhos, mas pertencentes ao grupo da terceira idade, quando não são da melhor idade.
  • D. Palavras que designam pessoas afetadas por certas doenças engrossam a lista: não há mais aidéticos, somente soropositivos, também não há mais surdos; mas portadores de deficiência auditiva; não há mais impotência, mas disfunção erétil; nem presos, só apenados; e os meninos presos, na Fundação Casa são jovens em conflito com a lei.
  • E. O eufemismo é uma figura de linguagem clássica, portanto o fenômeno não é novo. De fato, especialmente para evitar termos tabus sempre se enunciaram palavras atenuadoras. Em vez de morrer, os parentes falecem, ou faltam. Ao lado do eufemismo, os jargões, principalmente os dos especialistas, dos intelectuais ganharam destaque. Para os médicos, as pessoas não só não morrem, elas, sequer falecem. Nem faltam. Elas “vão a óbito”.
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